quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Em breve não haverão bancos na via pública que cheguem para todos os pobres...


NOTA: como muitas vezes costumo dizer os vossos comentários são muito mais importantes e elucidativos que os meus posts. E todos os coments são importantes para mim, sejam eles feitos de uma só palavra ou sejam eles o capítulo de um livro.
Quero agradecer aqui ao Paulo do blog Sorriso de Geia, que se estreou n' O Meu Sofá Amarelo com um coment com uma grande quantidade de palavras, mas mais importante que isso, com uma grande qualidade de ideias e um contributo fundamental para o post
Obrigado ao Paulo e a todos os que comentam ou simplesmente se passeiam (leia-se: se sentam) n' O Meu Sofá Amarelo!

Há poucos dias o secretário de estado da segurança social regozijava-se com os 13 milhões de euros que o estado tinha deixado de pagar aos beneficiários de apoios sociais no mês de Agosto, depois de ter entrado em vigor o novo regime para o (des)apoio social. Mas não saberá esse senhor dos olhos transparentes que para muitos milhares de portugueses essa ninharia de apoio pode fazer a diferença entre as pessoas terem uma ou duas refeições por dia... ou nenhuma refeição!
As irregularidades que alguns portugueses podem fazer com o acesso a esses apoios sociais não pode ser argumento para os cortar àqueles que deles precisam para... sobreviver! Por outras palavras, essas eventuais irregularidades são uma gota desculpável num universo de outras muito maiores irregularidades que governantes e afins fazem!
Esta "sociedade de sucesso" que nos impingiram a partir de meados dos anos 80 - da qual o 'nosso' Presidente é porventura um dos principais protagonistas e responsáveis - tinha que dar nisto: gente desenraizada, gente a viver a duas horas do local de trabalho, gente que nem tem tempo para saber como vão os filhos na escola, desertificação do Interior, competição pelo melhor automóvel, pelo telemóvel topo de gama, pelas roupas de marca, pelas férias na Dominicana... Não seria melhor Portugal ter 'crescido' menos mas com alicerces?


14 comentários:

Anónimo disse...

Eu penso que teria sido melhor.

Beijinhos

Sol no Coração disse...

É verdade ,o mundo anda mesmo a girar ao contrário - alguns a precisar de satisfazer necessidades ( necessidades básicas para sobreviverem)outros, um simples descontrole emocional - coitado mesmo é de quem nada tem e vive na 1ª pessoa tudo isto!


Beijinhos*

Mª João C.Martins disse...

Numa sociedade profundamente desigual, há um fosso social enorme que tem vindo a ser construído em que de um lado estão os miseravelmente pobres, onde incluo toda a espécie de pobreza e do outro, os merecida e imerecidamente ricos. No meio lodoso, estão todos aqueles que, ignorando a velho ditado; " Quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado vem ", têm andado a viver bem acima do que produzem, pouco se importando se algum dia vai poder pagar. Claro que a culpa não é exclusivamente sua, uma vez que desde há muito lhes acenam com a realização do sonho no imediato, no consumo do prazer pelo prazer e de que, tudo o que desejamos é possível. Assim são educadas as novas gerações, sem a adequada preparação para a frustração. Assim se tem preparado um país para a maior queda de sempre, cuja recessão está a ser acompanhada por uma profunda depressão.
Os bancos de jardim, há muito são cama de repouso de muitos, mas poucos reparam verdadeiramente nisso, a não ser que tal sirva hipocritamente para elevar o seu estatuto solidário e aí, são muitas as nozes e as vozes. Os governantes já nem com isso se comovem, porque o saco deles começa também a ameaçar algum desbaste.
Rebenta a bola de sabão. Vão começar a cair as máscaras e, sem dúvida alguma, haverá cada vez mais gente mergulhada na mais profunda miséria. Antes, espero que haja discernimento suficiente e que as pessoas voltem ao interior, onde a terra, à custa da força dos braços e da vontade de viver, ainda produz o necessário para não se morrer de fome.

Um beijinho
( Desculpa o comentário tão extenso, mas hoje deu-me para isto... )

lino disse...

Certamente teria sido e não haveria agora tantas virgens ofendidas a fazer de conta que não foi nada com elas.
Abraço

O Puma disse...

Os BANCOS

estão atentos

Virgínia do Carmo disse...

É assustador pensar que TODOS temos alguma responsabilidade nisto... mas eu acho que temos...

Bjos

mulher disse...

Bom tema que aqui trouxeste!
Todos seremos culpados desta situaçao?
Sei é que a mioria de nós ficará muito mais pobre.Bom fim de semana e bjinho.

Marta Vinhais disse...

Bom texto, Alex e concordo contigo...
Melhor investir nos alicerces para então crescer e dar oportunidade a todos....
Beijos e abraços
Marta

Justine disse...

E qualquer dia não há bancos dos outros que cheguem para os ricos, cada vez mais ricos.
Retrato terrível e infelizmente verdadeiro, o que fazes do nosso país. A pergunta é pertinente. Eu atrever-me-ia a dizer que sim...

Paulo disse...

Olá, gostei do teu texto e da forma como passaste a ideia triste da sucedânia mediocre de governantes que temos ^^

A ligação povo e governantes é mais profunda do que à 1ª vista, creio que uns são o reflexo dos outros, se calhar tudo é mais simples de entender, quando entendermos que estamos todos ligados pelo mesmo destino. Se um dia aparecesse realmente um líder fenomenal com eles no lugar deixaria de imaginar um:

Imagina que um político com vontade de fazer algo diferente para ajudar o seu povo e pelo seu país, chega a 1º ministro.

Imagina que não foi preciso na sua caminhada até lá, promiscuidade com os grupos económicos, nem ficar com o rabo preso perante os seus colegas de partido, nem prometer que quando estivesse lá no cargo, o seu partido e suas sanguessugas não iriam beneficiar da sangria de milhões e milhões de euros que por todas as instituições criadas para dar cargos directivos aos amigalhaços e muitos desses institutos todos juntos não eram úteis em nada para servir as populações, obras públicas inflacionadas até 6x mais do previsto inicialmente, que obras megalómonas não eram projectadas ás custas de endividamento por dezenas de anos do país por empréstimos com condições desastrosas.

Imagina que este especial político, era mesmo querido pelos portugueses, que chefiasse um governo com pessoas idóneas em harmonia com o perfil dele, que sanassem as despesas públicas da sangria e pusessem termo a pedidos sobre pedidos de empréstimos no estrangeiro, parassem até, que cobrassem impostos a quem mais ganha, explicando porquê e onde era aplicado esse dinheiro, explicasse a todos ricos e pobres que isto era para valer, que estava ali empenhado até que a alma lhe doesse, que precisava da ajuda de todos, que se ele errasse, era o 1º a explicar toda a envolvência e pedisse perdão porque era humano.

Imagina que fazia acreditar que a justiça ou Tribunais como orgão de soberania funcionassem mesmo, que a justiça em vez de seguir o ditado que era cega, seguisse antes "à mulher de césar não basta ser séria, é preciso que seja séria".

Imagina que na cobrança de impostos, o esquema de cálculos era justo e sentido por todos, que o povo deixasse de ver o Estado como "o maior ladrão do país que não admite concorrência" e passasse a ver como "um justo Estado, zeloso pelos direitos dos cidadãos e ainda mais pelos mais desfavorecidos", que o povo aproximava-se mais aos costumes de pagar impostos como nos países nórdicos, ninguém fazia questão de fugir ao fisco, nem trafulhices para buscar mais vantagens fiscais, porque sabiam que estavam no bom caminho, que o dinheiro de todos era para o bem comum de uma nação.

Imagina só como o povo o seguiria para todo o lado, que estaria a seu lado para todas as decisões difíceis, que o povo se olhasse entre si e procurasse ser melhor, que tivesse gosto nisso, que educasse melhores crianças para melhores escolas, tudo baseado no respeito pelos mais velhos, desde que eles dessem o exemplo, que melhores jovens dariam melhores adultos que impulsionavam o país a ser um exemplo a ser seguido lá fora, que não se entrasse em fanatismos políticos e religiosos, que fosse tudo de bom menos ser um sonho de nação valente que 1º cria os canhões para marchar marchar ... contra eles próprios.

Imagina só que bom era ...

Gostei da música portuguesa, raro um blog ter lusa melodia quanto mais Amália. Parabéns, e desculpa o longo comentário, foi a maneira que eu escolhi para me estrear aqui desabafando, serei mais comedido next time. Beijinhos *_*

Ana disse...

Olá!
Penso que o pior no meio disto tudo é que acabam por tirar os apoios a quem realmente precisa e os usa para melhorar a sua vida. Muitas pessoas esquecem-se que o objectivo principal do RSI é proporcionar, a quem não pode por outros meios, uma reinserção na sociedade, ou seja, trata-se de um subsidio não para toda a vida mas para uma fase menos boa. Vejo mais gente a recebê-lo e que não faz tensões nem esforço para melhorar de vida. E a culpa é da S.S. porque se uma pessoa for pobre mas honesta, limpa, com principios, é muito dificil que lhe atribuam o RSI. Parece um texto preconceituoso mas não é. Trata-se da realidade.
Beijinhos

Unknown disse...

Bom dia
Um tema actual e uma chaga que este governo nunca conseguirá esconder.
Parece-me que a têm agravado e com a benção dos presidentes.
A crise é apenas uma desculpa para quem não sabe gerir os nossos dinheiros públicos.
Que falta nos fazem os submarinos, os canhões , os modernos aviões e outras coisas como os carros topo gama dos ministros,e presidntes e secretários......?????????

Paulo disse...

Sofá Amarelo, grato pelo elogio, temia que interpretasses o longo comentário como uma praxe qualquer de estreia ou tentativa de impressionar, na verdade estava a ouvir "Imagine" de John Lennon porque na Sexta-feira passada fez 70 anos de seu nascimento e depois de ler gratificante texto, as palavras "choveram" em cadadupa.

bjinho ^^

argumentonio disse...

o ponto é oportuno, tanto mais que se avizinham sacrifícios que terão consequências no nível de vida dos portugueses em geral e, muito provavelmente, dos mais vulneráveis

mas atenção: nunca em época alguma houve tanto apoio social como há actualmente - em quantidade e qualitativamente! - o que é inquestionável (nunca ouvi nem li o contrário) e deve estar presente em todas as análises sérias, sem prejuízo para o lirismo e a utopia que encanta muito e faz voar (sonhar é preciso!!) mas precisa de um mínimo de racionalidade e pés assentes na terra, atento o sábio ditado popular que avisa "quanto mais alto, maior o tombo"...

as medidas de austeridade que advirão, queiramos ou não, as anunciadas pelo governo ou outras que a oposição imponha e até as que as "ajudas" da Europa ou do FMI inevitavelmente acarretarão, são fundamentalmente para repor um princípio básico que todos aprendemos em nossas casas embora nem todos saibamos ensinar aos nossos filhos: devemos viver de acordo com as nossas possibilidades

assim, se exageramos no consumo, sobretudo nas importações, naturalmente haverá endividamento (público e privado) e custo financeiro acrescido

tudo bem para certos empreendimentos - construir equipamentos fundamentais, tal como a compra da habitação, justifica o recurso ao endividamento e os acrescidos custos de financiamento - mas tudo tem um limite

depois, quem vota nos políticos responsáveis e irresponsáveis somos nós, portanto é bom ter algum tento a atirar pedras ao ar, poderão cair-nos em cima - é que além de votar, temos também o dever de nos propormos a ser eleitos, apresentando ideias melhores que os que elegemos e demonstrando capacidade de fazer melhor

sonhar é bom mas tem que se traduzir em propostas concretas, realizáveis - que devia haver justiça reivindica a humanidade desde o princípio dos tempos, a pergunta a fazer é antes como poderemos ser justos, como decidir bem, como vigiar quem decide e como ajudar quem decide

nos últimos anos, nós portugueses demos a maioria a um partido que formou governo e apresentou um conjunto de medidas que mereceu forte reacção por parte de diversos interesses e corporações, procurando boicotar as mudanças

depois elegemos um presidente de orientação política diferente (embora não propriamente divergente) e rejeitámos a maioria de governo - no que voltámos ao que vivemos com Guterres, o governo faz uma lei e a oposição de imediato a altera, agravando a despesa do Estado, sem dizer como se financiam tais alterações, pelo que que todos temos que as suportar

e, pior um pouco, culpamos... o governo

é preciso não querer ver!!!

por outro lado, reconhecendo-se à evidência as dificuldades crescentes, os sem abrigo dos bancos do jardim, das arcadas da Praça do Comércio e de muitas pontes e vãos de escada devem-se a tudo menos às medidas de austeridade que ainda agora foram anunciadas e veremos se a oposição as aprova ou não - o partido que apoia o governo não as pode aprovar só por si, é bom que se lembre

desde há décadas (as que levo de vida) há sem-abrigo, apesar das instituições públicas e particulares, da solidariedade institucional e individual, cá e em muitos países do mundo

como a Cais, faço voluntariado e participo em organizações que instituem programas de apoio social e de solidariedade - se cada um fizer um bocadinho, o mundo é melhor, certo?

;_)))